quinta-feira, 1 de novembro de 2012

No outono da vida

No outono da vida

Estou já no outono da vida
mas já não vivo a vida como outrora
já não corro atrás das ilusões
já não vivo intensamente as emoções
mas vivo intensamente
cada minuto cada hora!
Mas neste outono da vida
em que sinto cair dia a dia
uma folha já amarelecida
o meu coração não desespera
dentro de mim
corre ainda um riozinho de esperança
a transbordar de ilusão
que me faz sorrir
e me faz sentir
que vivo ainda
em plena primavera!

As flores da minha infância

                    As flores da minha infância



segunda-feira, 9 de julho de 2012

É o dia do pai

É o dia do pai

Não fiques zangado comigo pai
porque no teu dia,
no dia de S. José
e de todos os Josés,
eu não vou ao cemitério,
colocar flores a teus pés...
Irei este ano,
junto a esse pedaço de terra,
onde apenas as tuas cinzas permanecem,
levar-te em vez de uma flor,
um jardim imenso,
onde elas todo o ano renascem e florescem!
São flores feitas de saudade,
que o tempo não faz murchar,
regadas com tantas orações,
que de certeza,
ao céu irão chegar!

A olhar o mar

A olhar o mar

Como eu te entendo mar!
Ontem revolto,
Espumando raiva,
Com uivos de amedrontar!
Hoje mansinho,
Num vaivém sereno,
Com música de embalar!
Como eu te entendo mar!Também eu espumo revolta
Ao ver tanta ingratidão,
Tanta inveja, tanta maldade,
À minha volta!
Logo a seguir fico serena,
Espumando paz,
Porque afinal nesta vida tão linda
E tão fugaz,
Só o perdão,
O amor,
A amizade e a solidariedade
Valem a pena!

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Gosto de escrever

Gosto de escrever

A escrita é para mim
uma dádiva divina,
deixa fluir meus pensamentos,
meus sentimentos,
sem elegias,
sem constrangimentos!
É a dissecagem da vida,
até ao âmago mais profundo
até à exaustão!
Com vírgulas,
ou sem elas,
mas sempre com metáforas,
que disfarçam por vezes,
tanta inquietação,
tanta indignação!

domingo, 17 de junho de 2012

Um gesto de gratidão

Um gesto de gratidão


Tive a grande alegria de ser convidada pelo Presidente da Câmara do Sabugal e pelo meu amigo Jesué Pinharanda Gomes para a inauguração do Centro de Estudos com o seu nome, para onde irá o seu vastíssimo espólio por ele oferecido ao seu concelho.
Na sessão solene, no salão nobre da Câmara, depois de falarem pessoas de vasto saber e conhecedoras do seu valor como escritor, historiador, pensador e filósofo, pude pessoalmente dar o meu testemunho de gratidão a um amigo de infância, que tem valorizado, por todos os meios, a minha tão simples obra poética. Ele, que é considerado um dos maiores historiadores portugueses, sócio fundador do Instituto de Filosofia Luso-Brasileira, distinguido com medalhas de mérito cultural por várias autarquias ou entidades como o Centro de Estudos de Literatura Portuguesa da Faculdade de Letras de Lisboa, tem-me dado provas de estima quando se refere à minha tão pequenina e insignificante obra poética. Na última carta dizia - "Simplicidade lírica, ternura, comunhão de sentimentos com as pessoas e as coisas. Na sua escrita põe a sua bela alma toda e o corpo inteiro. Os seus desabafos deviam chamar-se "Poemas de Saudade"."
Fiquei feliz por poder dizer dois poemas da Beira, ver emoções em vários rostos e também no Jesué.
Pude abraçá-lo com amizade envolta na maior gratidão.
É em vida que se dão as flores.

http://videos.sapo.pt/PHSZ7ZoDUvW4iUipTbZF

http://www.cincoquinas.com/index.php?progoption=news&do=shownew&topic=1&newid=6034


http://capeiaarraiana.wordpress.com/2012/06/11/foi-inaugurado-o-centro-pinharanda-gomes/

http://www.ointerior.pt/noticia.asp?idEdicao=658&id=35693&idSeccao=8430&Action=noticia

http://realbeiralitoral.blogspot.pt/2012/06/inauguracao-do-centro-de-estudos.html

http://correiodaguarda.blogs.sapo.pt/225104.html

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Um passeio ao campo na minha aldeia

Um sonho lindo

Despi o fato da cidade
e vesti-me de giestas,
urzes, rosmaninhos
bebi água fresca em todas as fontes
e descansei nas pedras dos caminhos!
conversei com abelhas, borboletas
passarinhos,
perfumei-me de alecrim
e voltei a descansar nas pedras dos caminhos,
que pareciam não ter fim!
saltei vales,
subi montes
e toquei no céu,
onde uma nuvem
me serviu de véu
e voltei a beber água em todas as fontes!
mas, a pouco e pouco,
o perfume foi-se esvaindo,
a giesta, a urze e o rosmaninho,
foram caindo...
e acordei de repente,
mas por maldade,
rasguei o fato da cidade,
fechei os olhos novamente
p'ra continuar aquele sonho lindo!

sábado, 26 de maio de 2012

A revolta da lua

 A revolta da lua


Pedi à lua,
que está no céu
sempre a espreitar,
que me falasse da noite
pois deve ter muito que contar!
falou-me, do par de namorados,
que se beija com ardor
pensando não ter fim o seu amor,
falou-me da criança,
que vagueia sem esperança
à procura da mãe
que ela nem sabe que tem.
mas, num tom desolado,
baixinho, em jeito de recado,
disse-me quase a chorar:
- o que mais me entristece,
é o velhinho que dorme ao relento
e tem apenas como aconchego
o meu Luar!

 

Grande alegria




No dia dezasseis de Maio tive uma das maiores alegrias!
O aluno, que em 1960 fez a admissão ao liceu, porque eu exigi que aquela cabeça não podia desperdiçar-se e ficou em segundo lugar no distrito de Santarém, ganhando um prémio, fez a queima das fitas do final da sua licenciatura em Gestão do Desporto, sendo o melhor aluno aos 63 anos e já avô!
Foi grande a emoção e o orgulho por ter contribuído para aquela realização.

Foi este o poema que escrevi na sua fita.


Querido Manel
parece um sonho
mas é a realidade
que aquele menino gorducho
de olhar profundo
parecendo descobrir o mundo
me desse
aos 63 anos
tamanha felicidade!
venceste Manel
atingiste a tua meta
com trabalho
insistência
mas muita, muita inteligência!
peço a Deus
que te deixe viver
usufruir de tudo a que tens direito
mas agora mais devagar
sem qualquer urgência!

Um beijo grande da tua professora que tanto se orgulha de ti e agradece a tua gratidão.



Alguém disse que existe honradez na gratidão e eu corroboro.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

É dia da mãe


Era o dia da mãe,
O último dia,
Que visitei a minha aldeia.
Pairava no ar,
Um silêncio mórbido sem fim
E as ruas desertas
Transbordavam tristeza,
Que logo se apoderou de mim!
Fui colocar as flores,
Carregadas de beijos,
Na sepultura da minha mãe.
E o silêncio mórbido aumentou
Naquele cemitério,
Que mais parecia um jardim.
E aí, só a saudade,
Salpicada de lágrimas,
Se apoderou de mim!

Uma tarde calma de Outono à beira-mar


Nesta tarde calma,
De Outono à beira-mar,
Beija-me o sol já moribundo,
Quase a expirar,
E abraça-me a brisa leve com ternura
E sinto nesta tarde, tão breve
De pouca dura,
A felicidade toda que há no mundo!
Ai se fosse possível,
Sentir mais vezes,
Mesmo que ligeira
Esta sensação
De bem estar
E tanta paz,
Eu pediria a Deus,
Com todo o meu fervor,
Que fosse Outono sempre,
A vida inteira!

domingo, 22 de abril de 2012

Os meus setenta anos


Setenta anos!
De alegrias,
Desilusões,
Desenganos!
Que vou pintar numa tela,
De cores variadas,
Bem matizadas,
P'ra me poder rever nela!
Vou pintar de rosa o amor,
Numa bela flor!
Um prado verde de esperança,
Traduzida num sorriso de criança!
De negro, as desilusões
Ofuscadas por um jardim colorido de amizade
E tantos, tantos momentos de felicidade!
De cinzento o céu,
Onde, se for verdade,
Estão os que me amaram,
E recordo com saudade!
Mas nessa tela,
Nessa amálgama de cores,
Difícil de definir,
Quero que sobressaia ainda,
A vontade que tenho de viver,
Amar e sorrir!

quarta-feira, 4 de abril de 2012

A minha homenagem

Aos 70 anos, já uma senhora idosa, uma sénior, como são rotuladas as pessoas menos jovens, fui surpreendida com uma homenagem, organizada por um grupo de alunos quase todos com filhos e alguns com netos. Houve missa, uma exposição dos meus "borrões" e para culminar, surpresa das surpresas, uma rua com o meu nome!
Não queria acreditar, pois guardaram segredo até ao fim.
Seguiu-se um almoço, onde pude reviver rostos de alunos(as) já homens e mulheres com netos, que já não conhecia.
Foi alegria, emoção e lágrimas, muitas lágrimas!






Ai como é bom ser da Beira

Ai como é bom ser da Beira



Ai como é bom ser da Beira!
Das serranias agrestes,
Que mais não têm p'ra dar
Que uma soberba grandeza
Com tanta tanta beleza
P'ra quem souber contemplar!
Ai como é bom ser da Beira!
Onde a porta não se fecha
Entre quem é, pode entrar
E há sempre em cima da mesa
Pão, queijo e vinho p'ra dar...
Ai como é bom ser da Beira!
E numa noite de luar
Com frio de regelar
Ouvir cantar as Janeiras
Com vozes simples, bem simples
Das gentes das nossas Beiras!
Ai como é bom ser da Beira!
E ouvir ao entardecer
O toque lento das Trindades
Que nos faz entristecer
Lembrando os que já partiram
Com tantas tantas saudades...
Ai como é bom ser da Beira!
E tenho quase a certeza
Se o Menino Jesus voltar a nascer
É decerto a nossa Beira
Que ele irá escolher!