quinta-feira, 21 de julho de 2016

O meu primeiro dia de escola

O meu primeiro dia de escola


Levava na mão a sacola,
feita de tecido, caseira, 
onde ía já o percurso,
da minha vida inteira!
Era o livrinho do aeiou,
a lousa de ardósia,
e a pena de pedra,
com que eu rabiscava
e com saliva apagava...
Não havia magalhães,
nem pontas de feltro para pintar,
mas havia meia dúzia de lápis de cor,
qual jóia preciosa,
que eu estimava e quase amava!
Na minha memória, 
ecoa ainda,
aquela música de embalar,
quando, num banco corrido,
a tabuada procurávamos decorar!
Não queria voltar atrás
nem quadros digitais,
mas queria abraçar os companheiros,
que viveram comigo,
esses tempos quase irreais!


A vida é um teatro

A vida é um teatro


Neste palco da vida
todos somos artistas,
ora em dramas,
ora em comédias,
ou até malabaristas!
Somos palhaços,
a desfazer-se
em tonitruantres gargalhadas,
escondendo tanta vez almas magoadas...
Somos ilusionistas,
que transformam tanto espinho
em rosas perfumadas...
Mágicos, que retiram da cartola
os sonhos que alimentamos e realizamos!
Equilibristas no arame da vida
e mesmo a bambolear
e tanta vez caindo
conseguimos levantar...
Neste palco da vida,
com cenários variados,
ora coloridos,
ora de negro manchados,
todos gostamos de representar, até o pano cair e, com tristeza,
deixarmos as palmas de ouvir!...

Para ti, avozinha

Para ti, avozinha


Quando vejo as tuas mãos já deformadas,
por tanto sofrimento e tanta dor, 
eu penso que já acalentaram,
teus filhos pequeninos com amor!
Quando vejo o teu cabelo cor de neve,
como um lençol de linho de noivar,
eu penso que já foi negro, negro,
capaz de alguns olhos encantar!
Quando vejo os teus olhos tão profundos
e pouco brilho já no teu olhar,
eu penso que já foram lindos, lindos,
pretos, azuis ou verdes cor do mar!
Quando vejo nos teus lábios um sorriso,
mesmo com um laivo de tristeza,
eu penso que o teu rosto não é velho
e tem ainda montes de beleza!