sábado, 30 de dezembro de 2017

Faltei ao prometido

Faltei ao prometido


Não cumpri a promessa,
porque os cem anos
vêm longe,
por isso peço perdão
do terceiro livrinho
vos ir parar à mão!...
O bichinho da escrita
não me larga,
acompanha-me
para onde quer que eu vá...
Sei que são simples
os meus versos
mas, para mim,
melhor não há!
Não são eruditos,
próprios de um intelectual,
não têm metáforas,
que causem sensação,
nem palavrões,
que ninguém entende...
Mas têm de certeza
a preocupação,
de dizer o que sinto
e sentir o que digo, 
com firmeza
e todo o coração!...


O poeta é sensível

O poeta é sensível


Tenho sensibilidade
de poeta,
mas sem um laivo
de vaidade...
Transbordam de mim, 
ondas de alegria,
vagas alterosas de lamentos
e de solidão,
que se espraiam
numa praia deserta,
onde existe apenas, um coração
cheio de magia,
a boiar num mar
de pura fantasia!...

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

O negro ano que terminou

O negro ano que terminou


Ai este 2017
que terminou
e deixou atrás de si,
terra queimada,
gente destroçada,
tanta lágrima derramada!
Tanto sonho por realizar!...
Ai este 2017!
Crianças amarguradas,
a sofrer,
por atitudes nojentas,
guerras sangrentas,
que não conseguimos entender!...
Mas, para suavizar
a nossa revolta,
o nosso desejo de vingança,
Jesus volta a ser criança
inundando o nosso coração
de amor, perdão
e aquela enorme esperança,
que no mundo,
haja para melhor, uma mudança!...

Ao fogo assassino

Ao fogo assassino


A este fogo assassino,
qual monstro feroz,
que devora a natureza
junto a minha revolta,
pelo cenário de horror
à minha volta...
E essa natureza,
não pára  de chorar
lançando para o ar
em jeito de faúlhas,
as suas lágrimas de dor,
de desalento,
que às minhas de mágoa
se vêm juntar!...

sábado, 25 de novembro de 2017

Soldados da paz

Soldados da paz


Queria dizer tanta, tanta coisa
sobre eles, 
que me sinto impotente
e quase não sou capaz!
Heróis desconhecidos
e, por tanta gente, pouco reconhecidos...
Enfrentam batalhas,
envoltos em chamas,
cheias horrendas
com água assassina,
onde corpos flutuam
sem saber nadar
e eles conseguem resgatar...
Dão a sua vida,
a sua juventude,
esquecendo os que amam,
sem nada lembrar,
para, alguém que não conhecem 
poder salvar!
Ajudemos esse homens,
porque, quando não esperamos
e estamos em perigo
ou aflições,
é por Eles que chamamos!...

sábado, 11 de novembro de 2017

Um dia de inverno

Um dia de inverno


O dia está chuvoso
e triste,
mas o mar sereno, 
como se o beijasse
o sol mais ameno,,,
Eu queria ser esse mar,
que nada sente,
para quem o sol
ou a chuva,
é indiferente...
Mas, ai de mim,
que sou um ser humano,
sensível de verdade,
para quem o tempo chuvoso 
e cinzento,
é implacável
e marca tristemente, sem piedade!

sábado, 4 de novembro de 2017

Procuro um cais

Procuro um cais


Neste mar sereno
de primavera,
que o sol teima aquecer,
eu mergulho os meus sonhos,
os meus anseios moribundos,
na esperança de os não perder!
Andam à deriva,
à procura de um cais
onde possam ancorar!
Talvez um dia,
um barquinho
feito de algas
os consiga
recolher
e, de certeza,
não os deixará naufragar!

sábado, 21 de outubro de 2017

Os mistérios da vida

Os mistérios da vida 


Tudo na vida é mistério,
que nem o mais sábio cientista
consegue descobrir...
Mas, é nesse mistério
que reside todo o encanto
do nosso existir!
É mistério a fé,
seja qual for o Deus
em que acreditamos,
mas, é desse desconhecido,
que nos alimentamos!
Abençoados mistérios,
que alimentam o nosso espírito,
e não queremos desvendar...
Sem eles, seria um desencanto,
este mundo confuso
em que, apesar de tudo,
ainda queremos acreditar!

O puzzle da vida

O puzzle da vida


Vivo num mundo confuso,
qual puzzle difícil,
onde não consigo encaixar...
Verdadeiro labirinto,
onde, por mais que me esforce,
a saída não consigo encontrar...
Vejo fantasmas
de garras assassinas,
em vez de mãos carinhosas...
Vejo espinhos
em vez de rosas...
Caminhos sinuosos,
onde a cada esquina
há um monstro,
que nos quer engolir,
disfarçado de anjo, 
a sorrir...
Mas, ao ver o olhar bondoso
do meu amor,
vejo o mundo confuso,
transformar-se no mais maravilhoso!
E esse puzzle, onde eu não tinha lugar,
é o mesmo,
onde eu agora
me consigo encaixar...

sábado, 16 de setembro de 2017

Para ti, Professor

Para ti, Professor



Tu, que tens nas mãos
tanto botão, para desabrochar,
fá-lo com carinho,
pois a tarefa é nobre,
mas difícil de desempenhar!
Tu, que dás todos os dias,
tanto do teu saber
e da tua força de viver,
fá-lo com amor,
pois, só assim,
serás mesmo Professor!...
Tu, que no teu caminho,
desanimas tanta vez
e perdes a vontade de lutar,
podes crer, que no fim da tua vida,
vais ter muito de bom para recordar!!

Remorso

Remorso


Aqueles olhos famintos
e sedentos de saber,
olham para mim
a implorar 
que os tente compreender...
E que lhes dei afinal?
Em vez de compreensão,
um grito, um safanão,
mais pareço um animal!
Pedem carinho também
e finjo não entender,
criminosa - digo eu,
e não te mandam prender...
Mas, um grito de revolta,
diz-me bem alto, a lembrar:
- Se queres ser professora,
aprende a saber amar!

terça-feira, 5 de setembro de 2017

A criança que está dentro de mim

A criança que está dentro de mim


Tenho dentro de mim,
adormecida,
a criança que eu fui
e teima por vezes acordar,
ora sendo princesa
de vestidos a brilhar,
ora correndo pelos campos,
de cabelo solto, a voar
e as mais belas histórias inventar!
O tempo é cruel
e quer essa criança destruir,
aniquilar...
Mas o poder do pensamento
e a magia de saber sonhar,
não a deixarão envelhecer
e jamais a deixarão matar!!

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Ao mar

Ao mar


Quando olho este mar
belo e vaidoso,
bordado a esmeralda,
que tanto brilha,
logo me apetece agradecer
ao autor de tanta maravilha!
E logo o sol,
enciumado,
por ver o céu nele espelhado,
veste o seu manto dourado
e, ao entardecer,
atrás do mar
é que se vai deitar
e ali, suavemente,
vai adormecer!!

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Não sou poeta

Não sou poeta


Não sou poeta,
nem pretendo ser,
sou simplesmente
alguém que sente
de maneira diferente
e que transmite ao papel,
o que o coração lhe diz,
o que a faz sofrer
e o que a faz feliz!...
Não sou poeta,
nem pretendo ser.
São versos simples,
carregados de emoção,
são de saudade,
de revolta,
solidão,
mas, sobretudo,
são a voz do coração!

Não somos nada

Não somos nada


Neste infinito imenso,
somos um grão de areia,
por vezes insuflado
de orgulho, vaidade, altivez,
esquecendo que somos, apenas,
uma infinita pequenez...
E esse grão de areia,
julgando ser montanha altaneira,
elevada,
é no fim, apenas,
pó, cinza e nada...

quinta-feira, 31 de agosto de 2017

As minhas dúvidas

As minhas dúvidas


Por vezes
duvido de ti,
meu Deus,
mas quando
vou dar os meus passeios de lazer,
encontro-te no sol, 
que me aquece,
na brisa que me arrefece
e naquela linda flor,
a quem tu deste
a mais maravilhosa cor!
Mas quando encontro,
aquele velhinho alquebrado,
pelo peso da solidão
e com fome estendendo a mão,
eu pergunto ao Deus
em que acredito:
- Será que os teus poderes infinitos
já perdeste?
Ou então, meu Deus, 
por que te escondeste?

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Lembrar o amor é amar outra vez

Lembrar o amor é amar outra vez


Nunca tive grande ambição,
pouco exigi da vida
além de saúde, paz e alegria
e, por que não dizer, 
de amor repleto o coração!
E acabei por ter, sem ter pedido
e merecido,
dos meus alunos amigos,
esse amor
e a maior prova de gratidão!
Tanta vez errei, 
tanta vez castiguei
e não fui a melhor
nesses momentos...
Mas, o que eu mais queria,
era ministrar-vos ensinamentos!
Mas, posso garantir-vos,
que tinha por vós
o amor de mãe,
que tão depressa castiga,
como dá beijos também!
E nesse dia tão feliz,
que não posso descrever,
porque me assalta a emoção,
quero apenas agradecer
e do fundo do coração
pedir o vosso perdão!...
Neste mundo conturbado,
onde se casam o ódio e a guerra
e se desprezam os melhores valores
que há na terra,
eu agradeço essa festa maravilhosa,
quando a vida me foge lentamente,
mas que o vosso gesto de carinho,
a irá prolongar
e irei ser jovem novamente!!!

sábado, 19 de agosto de 2017

Memórias do passado

Vale de Espinho - Anos 40-50-60


A queda da "calampeira"


A Ti Gusta dos "chochos" (tremoços) era uma pessoa muito alegre, simpática, irmã da senhora Cecília, a costureira do povo. Foi, talvez, a última pessoa a vender os "chochos" pelas ruas, numa panela de esmalte que trazia sempre debaixo do braço.
Num dia de "capeia" (tourada) a Ti Gusta estava gozando o espectáculo taurino numa "calampeira" e, claro, sempre com a panela debaixo do braço.
Infelizmente, a "calampeira" ruiu e toda a gente caiu. Foi uma gritaria!
Mas qual não foi o espanto de todos, ao ver a Ti Gusta com a panela segura, salvando os "chochos" e sem ficar ferida!!

("Calampeiras" - local feito de paus espetados no chão, encimados por tábuas, onde os espectadores assistiam às capeias.)

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

É bom ter passado

É bom ter passado


Voltar às origens,
é voltar ao passado,
que nos construiu
com profundos caboucos,
para não desabarmos
com facilidade
neste mundo de vendavais
tão loucos!
É bom ter passado,
ter recordações
alegres ou tristes,
de vida ou morte,
mas, sem as quais,
seriamos seres amorfos,
perdidos num presente
sem norte!


Cinquenta anos em Rio Maior

Cinquenta anos em Rio Maior


Ai, se eu pudesse
o que sinto por ti dizer,
na maior folha do mundo
nunca iria caber!
É amor, é amizade
e por que não gratidão?
Por ti fui mimada,
foste segunda mãe
também neste mundo cão!
Aqui sonhei
e os sonhos realizei...
Fui professora,
fui mulher e mãe
e tanta amizade encontrei!
São cinquenta anos,
que passaram a correr!
E, como o tempo não perdoa,
também eu irei desaparecer...
Mas, nesta terra
por mim amada,
quero, já muito velhinha,
ficar sepultada
e, pelos amigos
com saudades, ser recordada!

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Memórias do passado

Vale de Espinho - Anos 40-50-60


Os fornos comunitários


Naqueles tempos não havia padarias.
As mulheres amassavam a farinha em casa, tendiam e o pão era cozido nos fornos comunitários, (fornos de toda a gente). Era o forno do Senhor, o forno do Rossio e o forno da Ti Nazar´.
Cada pessoa deixava a "poia" (um pão) para pagar ao forneiro que tinha o trabalho e dava a lenha.
As crianças gostavam da "bica" (pão pequenino e baixinho, cheio de buraquinhos).
Era também nesses fornos, que se coziam os doces de toda a gente, as cavacas, os esquecidos e o "pão leve" (pão de ló), sobretudo nas festas ou casamentos.
Também pelos Santos se coziam os bolos de pão compridos, cobertos de azeite, que os padrinhos ofereciam aos afilhados.



A caminho da serra

A caminho da serra


Lá, naquela montanha,
que avisto ao longe,
gigantesca catedral
esculpida pelo cinzel divino,
adivinha-se
uma paz celestial...
E nessa catedral,
a tocar o firmamento,
eu queria entrar,
apenas uma vez,
para me dar conta afinal,
quão insignificante
é a minha pequenez!

terça-feira, 15 de agosto de 2017

A caminho do Alentejo

A caminho do Alentejo


Nesta planura infinita,
onde o céu é mais azul,
onde esvoaçam cegonhas
por todos os lados,
alegrando os ares
com seus bailados,
onde ondulam searas
ao sabor da brisa quente,
eu pressinto um silêncio
mudo e indolente...
E essa paz,
envolta naquela solidão,
que não faz doer,
porque se deseja,
eu queria para mim eternamente!...

domingo, 13 de agosto de 2017

O que é para mim a poesia

O que é para mim a poesia


A poesia para mim, 
é o diário de um adolescente
onde eu, sem medos, 
transcrevo os meus segredos,
para poderem ser lidos
e sentidos por muita gente...
São pedaços de alma
que, como um leque, 
se abrem lentamente,
mostrando o invisível, 
de quem é sensível 
e sente profundamente!

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

O rio Côa nos dias de hoje

O rio Côa nos dias de hoje


Nas suas margens juntam-se famílias inteiras, sobretudo no "querido mês de agosto", em que vêm os emigrantes de França e de outros países, matar as saudades da sua aldeia e dos sabores, quase exclusivos da sua terra.
Não pode faltar o cabrito assado, os doces de toda a gente, o queijo mole e os enchidos daquela região que só ali se fabricam.
Dão-se uns mergulhos no açude do freixal, quando o calor aperta e recordam-se os tempos antigos.
Se houver música, também se dança ou então fazem-se rodas e toda a gente canta.

Queria viver no mundo da fantasia

Queria viver no mundo da fantasia


Queria viver no mundo da poesia
e da fantasia,
poder apanhar estrelas,
brincar com elas
e pintar de mil cores
o amor, a alegria e a esperança,
nas mais lindas telas!
Queria que fosse meu
esse mundo...
E ficaria feliz,
estou convencida,
se numa dessas telas
e no mais belo poema,
pudesse um dia, 
retratar toda a minha vida!

terça-feira, 8 de agosto de 2017

Memórias do passado

Vale de Espinho - Anos 40-50-60


O rio Côa


Vale de Espinho tem como ex-libris o rio Côa, límpido e transparente, ladeado por freixos e salgueiros que se refletem nas suas águas e nos oferecem a sombra refrescante nos dias quentes de Verão.
Era a nossa praia onde fazíamos os piqueniques e molhávamos os pés. Só os rapazes sabiam nadar e nesses tempos não era bonito as meninas ficarem "encalapachas", mesmo que fosse em fato de banho. Seria uma vergonha!
Nele abundavam trutas, barbos e enguias. As suas águas moviam várias azenhas que, nesse tempo, eram ainda o sustento de muitas famílias.
Quando o açude era despejado fazia-se sempre uma grande caldeirada de enguias. Convidavam-se vários amigos e fazia-se uma festa à beira do moinho. 
Ainda hoje recordo o cheirinho desse manjar, que era cozinhado num grande caldeirão, num lume feito no chão ladeado por duas pedras enormes.




segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Memórias do passado

Vale de Espinho - Anos 40-50-60


A capeia "arraiana"

Era o entusiasmo de toda a aldeia, sobretudo dos homens que, a cavalo, se deliciavam na espera dos toiros que vinham de Espanha.
Depois era o encerro com todos aqueles preliminares, que lhe davam todo o encanto e transformavam num perigoso espectáculo.
O largo da capeia era ladeado por carros de bois repletos de troncos de árvores, para os tornar mais altos e serviam de bancadas para os espectadores se deleitarem a ver a corrida dos bois, onde não podia faltar o típico forcão.
Pegavam-lhe casados e solteiros, numa espécie de competição. E era engraçado ver o toiro tentar levantá-lo com os cornos e os "artistas", em jeito de dança, trocavam-lhe as voltas rodopiando com ligeireza, para não serem apanhados pelo boi.
Havia também as "calampeiras", feitas de paus espetados no chão, encimados por tábuas, onde os espectadores se regalavam a observar os toiros que, de vez em quando, também agrediam os mais afoitos, que saltavam para a praça.
E era uma gritaria assustadora, quando um boi mais destemido saltava por cima de um carro, atirando todos ao chão e correndo pela aldeia, apavorando os que não quiseram ir vê-lo na arena.


domingo, 6 de agosto de 2017

Só tu, Professor

Só tu, Professor


Saber amar,
saber dar sem nada esperar,
saber transmitir,
saber ouvir,
saber perdoar sem agredir,
saber fomentar o amor...
só tu, Professor!
Mesmo, sendo o teu trabalho
tantas vezes ignorado,
tantas vezes mal tratado,
entregas-te com o mesmo empenho,
com o mesmo vigor...
só tu, Professor!
Aquele Deus, 
que à criança deu a beleza de uma flor,
foi o mesmo que te deu,
a sabedoria e a paciência,
para que um dia,
a pudesses ensinar com amor...
só tu, Professor!!

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Querido mês de agosto (Vale de Espinho)

Querido mês de agosto (Vale de Espinho)


Chegou o "querido mês de agosto" e trouxe com ele os seus emigrantes a Vale de Espinho, sua terra natal. 
Tantos abraços, tantos beijos aos parentes e amigos que ficaram. Recordam-se os petiscos: o cabrito, o queijo mole, a chouriça e o presunto com o cheiro do fumeiro que, lá longe, recordam com saudades, por vezes salpicadas de lágrimas.
Esperam com ansiedade o dia da capeia onde, casados e solteiros, dão largas à sua bravura, sobretudo quando lutam com o toiro.
Quando partem, é grande a tristeza mas, como o tempo voa e o trabalho é indispensável, conformam-se e volta a alegria e a esperança de brevemente voltarem!

sábado, 8 de julho de 2017

O valor das palavras

O valor das palavras


Há duas palavras,
que habitam o meu coração,
o amor e a gratidão.
O amor dá força à vida
e um certo contentamento,
mesmo nas horas
de grande sofrimento.
A gratidão,
são as flores
perfumadas,
que recebemos,
quando por alguém a quem ajudámos,
ainda somos lembrados.
Mas, o que mais me faz sofrer
e sentir indignado,
é aquele que,
mesmo recebendo um império,
ou uma simples flor,
não sabe dizer bem haja
ou um muito obrigado!


sábado, 24 de junho de 2017

Memórias do passado

Vale de Espinho - Anos 40-50-60


Tenho saudades do S. João em Vale de Espinho



Na véspera, as crianças iam esperar a banda de música, já de vestido novo, e era já o começo da festa.
Nessa noite, havia o baile das eiras, onde novos e velhos, ricos e pobres dançavam até a manhã chegar.
Ninguém ia embora sem ver o fogo de artifício, a que chamávamos a "latada", com efeitos que nos maravilhavam.
Por fim, ardia o pinheiro carregado de rosmaninho,  ao som dos foguetes a estalar e da banda de música sempre a tocar.

domingo, 7 de maio de 2017

Oração a Nossa Senhora

Oração a Nossa Senhora


Tu, mãe de Jesus,
a quem recorremos
nas horas de sofrimento
e aflição,
acolhe as nossas preces
e não deixes,
que os homens se matem
em guerras sangrentas,
com armas feitas de ódio,
onde não existe
um pedacinho de coração...
Tu, mãe de Jesus,
e nossa mãe também,
irradiando amor e bondade
o teu olhar,
acolhendo no teu manto,
o mundo inteiro,
pede ao teu filho,
tão poderoso,
que acabe na terra
tanto sofrimento,
tanta maldade,
que tanta lágrima
faz derramar!

Beijos

Beijos


Beijos de mãe,
são doces de mel
recheados de um amor
sem fim...
Servidos ao som
de uma suave melodia,
no mais belo e florido jardim!
Beijos de mãe que partiu,
são doces recheados
de saudade,
não morreram,
continuam vivos dentro de nós...
E, mesmo nas horas más
e de solidão,
ao recordá-los
nunca nos sentimos sós!
Beijos de filhos
são infinita doçura,
recheados de uma ternura
desmedida,
que nos adoçam a alma
e nos prolongam a vida!...
Mas os teus beijos, meu amor,
companheiro
das minhas horas más ou de prazer,
são a chama,
que ateia a felicidade,
com que Deus
ainda nos deixa viver!!

sábado, 6 de maio de 2017

É dia da mãe

É dia da mãe


Era o dia da mãe,
O último dia,
Que visitei a minha aldeia.
Pairava no ar,
Um silêncio mórbido sem fim
E as ruas desertas
Transbordavam tristeza,
Que logo se apoderou de mim!
Fui colocar as flores,
Carregadas de beijos,
Na sepultura da minha mãe.
E o silêncio mórbido aumentou
Naquele cemitério,
Que mais parecia um jardim.
E aí, só a saudade,
Salpicada de lágrimas,
Se apoderou de mim!

domingo, 30 de abril de 2017

Memórias do passado

Vale de Espinho - Anos 40-50-60


O dia das merendas e dos magustos


O dia 3 de maio era o dia das merendas. Se o tempo o permitia, íamos para o pinhal comer os petiscos, que consistiam quase sempre em ovos mexidos com chouriço, fofas (farófias), doces de toda a gente e mais algumas iguarias, que eram um luxo nesse tempo. Depois cantávamos, fazíamos rodas e respirávamos aquele ar puro do pinhal com cheiro a resina, que naquela época era recolhida numas tigelas de barro, fazendo um golpe no tronco dos pinheiros.
No dia 1 de novembro, dia de Todos os Santos, faziam-se os magustos, quase sempre junto dos pinhais.
As castanhas eram assadas no chão com a caruma dos pinheiros. Tinham outro sabor, sobretudo quando acompanhadas com a bela e saborosa jeropiga.

sábado, 29 de abril de 2017

Não gosto do vento

Não gosto do vento


O vento fustiga-me a alma
e a angústia,
enegrece o pensamento...
A sua voz
faz-me sofrer,
é um lamento!
Não gosto do vento,
mas porquê?
Não sei entender,
talvez o passado,
deixasse uma ferida
que ainda hoje
me faz doer,
porque alguém,
muito querido,
num dia de vento
é que foi morrer!

quinta-feira, 13 de abril de 2017

Os meus sonhos

Os meus sonhos


Vivo abafada
por sonhos,
que mal me deixam respirar,
mas que eu abarco com força,
para não os deixar fugir,
para não os deixar voar!...
São sempre diferentes,
esses sonhos,
ora cor de rosa, ora cinzentos,
mas deixam-me viver em fantasia 
e não deixam morrer meus pensamentos!
Levam-me até ao firmamento,
rompo as nuvens
e entro no céu por uns momentos,
de lá, olho a terra
e, com tristeza,
só vejo sombras
e oiço lamentos!

Mentira

Mentira


Dizem que quem semeia ventos
colhe tempestades...
Que grande hipocrisia!
Não me levem a mal,
pois eu semeei tanto amor,
amizade e solidariedade
e tenho colhido,
tanto vendaval!...
Queria mudar este temperamento,
mas em mim,
continua a germinar,
uma sementinha,
que alguém em testamento
me deixou
e na sua curta vida,
tanta amizade e caridade semeou!...
E, desiludido,
também chorou!

sexta-feira, 31 de março de 2017

Sol primaveril

Sol primaveril


Estou só,
neste parque,
banhada por um sol
primaveril,
que me transporta
para um mundo irreal,
de paz,
onde a felicidade existe
mesmo que fugaz...
Mas não me sinto só,
não sinto a solidão,
que dói e entristece,
porque talvez um anjo,
que me acompanha sempre
onde eu estiver,
nunca me esquece!

sexta-feira, 17 de março de 2017

Um amor virtual

Um amor virtual


Chego à praia,
muito cedo
ainda com restos de luar...
E fico sentada na areia
a contemplar o mar
por quem me sinto apaixonada!
Mas ao olhar ao longe
a linha do horizonte,
fico logo enciumada
ao vê-lo o céu beijar!
É um enamoramento virtual,
de grande entendimento,
parece real!
O mistério que ambos encerram,
não os deixa separar-se
e irão pela vida fora
sempre beijar-se!


O poder do sorriso

O poder do sorriso


O sorriso
ainda não paga imposto,
é verdade.
Mas cada vez
é mais raro
ver um sorriso
num rosto!
Uns, talvez por
amarguras
dos tempos
parcos em doçuras,
outros, talvez
por vaidade,
pensando que um rosto duro,
sem sorrisos,
lhes dá um certo ar
de superioridade!
Triste de quem pensa assim,
porque na realidade,
só quem deixa na terra
o seu sorriso,
é lembrado com saudade!

domingo, 26 de fevereiro de 2017

À vida

À vida


Ando atrás de ti,
que não páras de correr
sem intervalos,
nem pausas
para eu poder,
por momentos meditar
e ter tempo para te entender!
Ando atrás de ti,
ora saboreando o teu sol,
que me faz aquecer
e por instantes,
tudo de mau esquecer,
ora sentindo a chuva a cair,
lágrimas de saudade,
dos que vi partir!
Ando atrás de ti
e agora que cheguei
quase ao fim da viagem,
que tu encerras também,
rogo-te que me deixes partir em paz
e com a certeza
de que apenas pratiquei o bem!