domingo, 26 de fevereiro de 2017

À vida

À vida


Ando atrás de ti,
que não páras de correr
sem intervalos,
nem pausas
para eu poder,
por momentos meditar
e ter tempo para te entender!
Ando atrás de ti,
ora saboreando o teu sol,
que me faz aquecer
e por instantes,
tudo de mau esquecer,
ora sentindo a chuva a cair,
lágrimas de saudade,
dos que vi partir!
Ando atrás de ti
e agora que cheguei
quase ao fim da viagem,
que tu encerras também,
rogo-te que me deixes partir em paz
e com a certeza
de que apenas pratiquei o bem!

Ser artista

Ser artista


Os artistas são como as crianças,
vivem de sonhos e quimeras,
de ilusões, de esperanças,
de eternas primaveras...
Brincam com bolas de sabão
que se esvaem, se evaporam
criando nelas desilusão...
A alma que neles habita
encerra um mundo ideal,
um canhão que destrói o mal, 
uma benção infinita...
Nessa alma há ressaibos de elegia,
que o artista disfarça e transforma em alegria,
mesmo que, neste circo
de pouco espaço,
ele tenha que fazer de palhaço!

sábado, 11 de fevereiro de 2017

Ao teu olhar

Ao teu olhar


Porquê esta vontade de chorar,
que me faz sofrer, 
se o sol todos os dias
teima em nascer!
Porquê esta vontade de chorar,
se, na primavera,
a natureza renasce com pujança
e cada ave
canta o seu hino de esperança!...
Porquê esta vontade de chorar,
se alguém,
ao meu lado,
apenas com o seu olhar
consegue as minhas lágrimas enxugar!

História do nosso moinho

História do nosso moinho


Era uma vez
um moinho,
erguido numa paisagem inóspita,
onde o silêncio
era apenas quebrado,
pelo murmúrio das águas
e pela música cadenciada e doce
das suas mós,
que rodavam noite e dia
sem parar...
Não se cansou de moer,
mas o progresso
e a evolução dos tempos,
depressa o deixaram morrer...
Os seus destroços,
guardam memórias
de várias gerações,
que viu nascer,
envoltas naquele perfume
da farinha
e embaladas pelo cantar
das águas do rio,
que o faziam trabalhar!...